SOBRE A AUTORA
Nascida no exterior e criada em Brasília, tenho ascendência polonesa pelo lado paterno. Realizei estudos iniciais e de nível médio na Escola Americana na capital federal. Bacharel em Direito pela UnB com curso de especialização em direitos humanos, fiz doutorado em Filosofia política na cidade de São Carlos do Pinhal, interior de São Paulo, na UFSCAr. Ingressei no serviço exterior brasileiro como "terceira geração", seguindo a tradição de avô Potiguar. Servi curtos períodos no exterior. No Brasil, morei também no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Florianópolis.
Sou casada e mãe de três filhos. Hoje me sinto um pouco gaúcha e sobretudo católica, no sentido de acreditar no plano de pertencimento humano que tem alcance universal em espírito. Neste sentido, o nacionalismo verdadeiro seria o que se articula com os demais de modo positivo e colaborativo, com vistas a uma comunhão e partilha. Tenho interesse em poesia, contemplação, humanismo e debate de ideais em torno de temas de teoria geral do Estado.
Não tive quase nenhum contato com minha família de origem eslava ao longo de minha vida, mas sempre me identifiquei com a tradição polonesa de algum modo atávico. O poema "Ucrânia" simplesmente surgiu espontaneamente numa manhã silenciosa e triste, pouco tempo após o início da complexa e desoladora questão envolvendo a Rússia.
Na verdade nunca me considerei ou me senti escritora, política, filósofa ou poetisa. Escrevo como um impulso natural e diletante, como tiro fotografias de paisagens ou flores.
O POEMA FINALISTA
Ucrânia
É seu o silêncio.
Aquele que envolve o grão
de trigo na terra
em meio às sombras,
regado a tempestade.
Verdade que o grito agita as águas negras
e o choro vem banhar suas margens
mas a solidão de sua coragem
faz imperar, sobre o estrondo,
o respeito a seu luto.
É sua a palavra.
Eis o sopro de vida
surgindo azul e amarelo,
reflexos dos olhos, das tranças douradas,
céu de estrelas, raios do sol
de tribos pagãs que se converteram.
Rostos redondos a lembrar que o globo
segue sustentado nas mãos finas
do Menino ao colo da Mãe, em vigília.
Que a família sagrada escute esse hino.
Pois seu é o canto
das aves que voam sobre montes e vales
nos campos de sacrifício.
Toca o sino que acorda! Distribui a colheita:
oferece o pão e o sal,
sabor na mesa posta para a Ceia.
Qual vítima imolada, que o mundo rejeita,
aponta o caminho à terra natal
naquele limite, bem além da planície
horizonte acima, esperança do eterno.
Também é sua a Palavra,
alicerce da identidade eslava.
Por perto estarão o Pai e o Irmão
que devolverão às crianças o riso,
separando inferno do paraíso.
Recorda a todos a cruz e o juízo -
já que a muitos agora é incentivo -
e anuncia bem alto a derradeira pátria,
risca a fronteira que importa:
a da compaixão e a do definitivo.
Homenagem à nação ucraniana.
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