SOBRE O AUTOR
Reginaldo Ferreira de Cerqueira é enfermeiro de formação e terapeuta. Iniciou sua carreira como escritor a partir do pedido de um colega, músico nas rodas de viola e nos pagodes do subúrbio do Rio de Janeiro. O pedido foi escrever alguns poemas para musicar o que deu origem a quatorze poesias.
Página do autor: www.reginaldocerqueira.com.br
Youtube- Reginaldo Cerqueira
Instagran- @reginaldofcerqueira
E-mail: cerqueira1959@gmail.com
O CONTO FINALISTA
Coração Negro
Acordei com dores no pescoço e na coluna, minha roupa estava encharcada de suor. Permaneci de olhos fechados, tomando coragem. Aos poucos, minha consciência se alinhava ao meu estado de vigília. Olhei em volta, ainda estava no mesmo cubículo miserável e fedorento.
Levantei, usando toda a minha força de vontade. Eram 9h30, estava atrasado. Tomei um copo de leite meio estragado que estava na geladeira. Escovei os dentes e saí com a roupa, já com cheiro de azeda.
Eu completara, na semana anterior, 42 anos de vida cheia de sofrimento, doença, falta de sorte, abandono e miséria. Morava sozinho na favela do Vidigal e trabalhava na cozinha de um restaurante no centro da cidade. Não era bem um restaurante, começou como uma pastelaria, e que, aos poucos, foi servindo PFs. O dono era um chinês que chegou ao Brasil com dezessete anos e, depois de muita luta, conseguiu ter um estabelecimento próprio. O senhor Jin Zu me contratou apenas para pagar um débito com um amigo, o velho idiota me odiava, me tratava como a escória do mundo. Talvez ele tivesse razão. Eu o odiava também e, em meus secretos pensamentos, sonhava em enterrar minha faca em sua barriga gorda. Tínhamos um convívio marcado pela tensão e desconfiança mútuas. Se tivesse que apontar alguma coisa positiva que resultara desse relacionamento, eu citaria o aprendizado do mandarim. Aquele miserável chinês mal falava o português, mesmo com tantos anos no país e, por força do trabalho, acabei por aprender a me comunicar em sua língua materna.
O velho só saía do restaurante para ir ao banco, depositar o dinheiro do dia. Andava pelo centro da cidade, com roupa tradicional da sua terra, e era bem conhecido pelos comerciantes da área. Com o tempo, fui conhecendo sua rotina e percebendo coisas que precisavam de uma explicação. Pelo menos uma vez por semana, ele recebia a visita de conterrâneos, permaneciam por pouco tempo em uma espécie de reunião, falando baixo, em uma atitude de respeito e reverência para com o velho. Após alguns minutos, eles, discretamente, entregavam um pacote ao velho, que o recebia com um largo sorriso.
No início, não notei nada de especial na pastelaria, que era igual à maioria dos estabelecimentos chineses espalhados pela cidade. Todavia, era outra cultura, e levei algum tempo para entender certos detalhes. Em um canto da loja, o senhor Jin Zu mantinha um altar, com a imagem do deus Taoista, Zhang Guo Lao, um dos oito imortais.
A rotina de trabalho seguia um roteiro rígido, eu era responsável pelo trato da carne, limpeza da cozinha, dos banheiros e pratos, começava o trabalho às oito horas e terminava por volta de 22h. O salário dava para pagar o cubículo fedido onde eu habitava, uma ou duas idas à zona e uma carreira de cocaína por semana.
Um dia, no fim do expediente, sentado na cozinha, descansando, pensei ter visto o senhor Jin Zu se esgueirando por trás da imagem do Imortal. Achei que eu tivesse caído no sono e estava tendo um pesadelo, mas, alguns minutos depois, o velho se esgueirou para fora, através de uma pequena porta que não tinha notado que existia. Ele apresentava um estranho sorriso nos lábios. Na verdade, foi esse fato que me estimulou a aprender a língua dele e estudar a cultura chinesa. Fiquei meio que obcecado em descobrir o que tinha atrás da imagem, que fazia o velho idiota tão feliz.
Mais uma noite infernal. Verão no Rio de Janeiro, a temperatura era de quase 35°C, os mosquitos não davam trégua, o som de tiros era onipresente na comunidade. Enrolei um baseado, na esperança de não sentir a absurda condição em que me encontrava. A erva provocava um efeito de dormência muscular, ao mesmo tempo em que lembranças emergiam com espantosa clareza. As imagens pipocavam em minha cabeça, todas tinham uma carga emocional dolorosa. A face de minha mulher e de meu filho bailavam na minha frente enquanto diálogos, que não sei se verdadeiros, me empurravam à beira da loucura. Ela tinha ido embora com o meu filho há uns dez anos , não tinha conseguido suportar por mais tempo a minha presença e as surras que eu dava no garoto, disse ela, filha da puta. O que ela não contava era o chifre que me botou com o vizinho e, além disso, nunca valorizou meu esforço na educação do fedelho. Mas eu ia à forra, estava perto de descobrir para onde ela fugiu, e quando chegasse a hora, ela e aquele moleque retardado iriam se arrepender de terem me feito de otário.
De repente, a imagem do velho chinês apareceu na minha frente, com aquele sorriso sem graça. Pela primeira vez, a ideia de vasculhar o quarto secreto dentro da pastelaria tomou forma, tinha que haver algo valioso lá. Por que os outros chinas viviam bajulando o velho idiota? Um plano começou a se cristalizar em minha mente, eu sabia a rotina e horários do senhor Jin, tinha que aproveitar os breves momentos em que ele saía para explorar o que havia por trás do Imortal.
O dia se iniciou como qualquer outro, não tinha paciência com meus vizinhos e não perdia a oportunidade de mandá-los à merda, como resposta até por uma saudação de bom dia. Minha filosofia era de não dar muita intimidade para ninguém. Entrei pela porta de trás do ônibus, para economizar alguns trocados. Isso foi o suficiente para a discussão com o motorista, que veio todo empolgado em minha direção, mas parou de estalo, quando me viu discretamente apontando uma faca em sua direção. Com certeza, percebeu que eu não estava para brincadeira.
Entrei na pastelaria, observando o altar do Imortal. Era uma figura imponente, vestido com uma armadura e portando uma lança com lâmina larga e dentada, duas espadas estavam cruzadas e fixas em sua cintura. No altar, havia dois pequenos pratos, um continha arroz e outro sal e, ao lado, uma garrafa de Hangjiu, bebida tradicional chinesa.
Abaixei-me perto do altar, simulando amarrar o cadarço do tênis. Notei o senhor Jin me olhando, com olhar de reprovação. Fiquei pouco tempo, só o suficiente para notar um pequeno facho de luz ao lado do altar, que vinha, provavelmente, de uma porta secreta.
O dia passou devagar, se arrastando. Não sei se ainda sob o efeito da erva, sentia o senhor Jin tomando conta de meus passos na cozinha, o velho miserável ia me pagar.
Estava ansioso, grossas gotas de suor escorriam pela minha testa, até que, finalmente, às 16h15, o senhor Jin Zu ganhou as ruas, como em todos os dias, para fazer o depósito do movimento do caixa. Aproveitei para me aproximar do “deus” e, muito cautelosamente, tentei abrir o fecho semi-camuflado na parede. Com um pequeno ruído, uma fresta se abriu. Introduzi minha mão, segurando o celular, e tirei várias fotografias do interior do cômodo. Nesse momento, vários clientes entraram na pastelaria, puxei a mão rápido, e uma farpa de madeira penetrou fundo em meu punho direito. A dor que isso me causou era lancinante, gotas de sangue mancharam, quase que de forma imperceptível, o pequeno fecho da porta secreta. Meu punho doía terrivelmente. Não me atrevi a olhar as fotos naquele momento e segurei a curiosidade até sair da loja. Depois do expediente, fui direto para um puteiro que funciona na rua do Rezende e, naquele ambiente esfumaçado e cheirando a perfume barato, abri o arquivo de fotos do aparelho de celular.
As fotos estavam escuras e indefinidas, o lugar parecia pequeno, mas suficiente para abrigar um homem de pé. Em uma delas, algo brilhante se destacava no fundo negro, parecia uma pilha de algum metal brilhante. Olhando a foto mais atentamente, percebi olhos amarelos, que fitavam diretamente a câmera do celular, poderia ser uma estátua ou algo parecido. Decidi que aquela foto merecia um tratamento diferenciado. Saí do puteiro por volta de 22h. O punho latejava, minha mão estava inchada e quase paralisada. Segui em direção ao ponto de ônibus para ir para casa. Próximo ao coletivo, um grupo de motoristas conversava. Esperei um deles ligar o motor para entrar pela porta traseira, como era meu costume, quando ouvi uma voz atrás de mim, dizendo:
― Agora vamos ver quem é o macho.
Me virei lentamente, era o mesmo motorista que eu tinha ameaçado com a faca no horário da manhã. Subitamente, senti uma forte pressão empurrar meu olho esquerdo para dentro do crânio, ao mesmo tempo em que crescia uma dor que se espalhava pela minha mandíbula. Sem entender o que estava acontecendo, outra pressão fez minha coluna se dobrar para frente, e um raio de compreensão me iluminou. Eu estava tomando uma surra do motorista, que, indiferente ao meu punho ferido, que me impedia de me defender, quase me matou de porrada. Acordei na emergência do Hospital Souza Aguiar, sentindo dores por todo o corpo. Estava com duas costelas quebradas, senti a falta de um dente da frente, minha cara estava tão amassada, que não notaram a farpa no meu punho direito.
Aquela surra me fez decidir por uma mudança total em minha vida, nem que para isso eu tivesse que vender minha alma para o diabo. Tive alta na manhã seguinte e fui me arrastando para a pastelaria, com o ódio queimando minhas entranhas. Eu ia me vingar de todos, não teria pena de ninguém, esse mundo é feito de ira, raiva, desprezo, indiferença, ninguém nesse planeta merece paz, e se dependesse de mim, a peste e a miséria iriam visitar cada lar desse lugar maldito.
Entrei no restaurante com dificuldade, o senhor Jin veio em minha direção, gesticulando e falando alto, em mandarim, os clientes e os outros funcionários me olhavam assustados. O velho canalha me mandou ir para casa e só voltar quando estivesse em condições de receber o último salário, eu estava demitido.
Não sei como consegui chegar em casa, o mundo se transformara em uma roda gigante. Avancei, agarrado nas paredes ou em qualquer coisa que me desse apoio e, com passos claudicantes, cheguei ao fétido cubículo, que o viado do meu senhorio chamava de quarto. Desmaiei na cama.
Acordei com náusea e calafrios. Minha mão direita estava pior, inchada e vermelha. O único remédio que eu tinha era uma ponta de baseado do dia anterior. Acendi-o com dificuldade. Depois de dar três tragadas, tentei tirar a farpa com uma agulha. O bagulho produziu um entorpecimento e diminuição da dor, mas a náusea teve seu desfecho com fortes jatos de vômito. Senti falta da minha mulher e do meu filho, daria tudo para ter um pouco de carinho naquele momento. Desmaiei de novo.
Acordei no dia seguinte me sentindo um pouco melhor, pelo menos o mundo tinha parado de girar. Peguei o celular e voltei a analisar as fotos tiradas na pastelaria, nelas poderiam estar a saída desse estado de miséria. A foto que estava mais nítida mostrava o que parecia ser uma pilha de metal dourado, o velho estava escondendo algo, e provavelmente era dinheiro. Eu já sonhava com riqueza e com a possibilidade de, finalmente, realizar a minha vingança. Eu destruiria todos os malditos que transformaram a minha vida em um inferno, o motorista seria a minha sobremesa. Era preciso planejar bem, o que o velho imbecil não sabia era que eu tinha feito uma cópia da chave da loja, para qualquer eventualidade. Analisando a foto com mais cuidado, era possível distinguir uma figura com olhos amarelos. Eu já tinha visto aquela figura em algum lugar, fui procurar no material que tinha reunido sobre a cultura chinesa, na esperança de localizá-la.
Dois dias se passaram desde os eventos violentos que havia sofrido, minhas costelas doíam muito, o ferimento no punho havia infeccionado, minha mão adquirira uma cor violácea, uma secreção purulenta escorria no local de entrada da farpa. Sabia que eu tinha que procurar um médico, mas decidi que, se tivesse êxito no caso do chinês, poderia contratar os melhores médicos da cidade, para cuidar da minha saúde.
Fui à pastelaria pegar meu último salário e assinar minha rescisão. O senhor Jin me recebeu com uma mistura de raiva e alívio. Eu estava em petição de miséria, cheirava a bicho morto em decomposição. Em uma das paredes do restaurante havia um grande espelho velho, cujo desgaste pelo tempo distorcia a imagem refletida. Parei alguns minutos para me olhar, minha imagem era assustadora. Meu olho esquerdo estava roxo, meu lábio inferior inchado, minha roupa estava cheia de manchas de sujeira, sangue e restos de vômito, eu parecia um mendigo louco. Ao contrário do que eu poderia esperar, essa imagem estimulou-me ainda mais. Eu tinha que descobrir o mistério do quarto oculto, esta era minha única saída, eu estava convicto de que o velho escondia um tesouro lá.
Fiquei perambulando pela cidade, minha intenção era observar o entorno da pastelaria após as 22h e traçar o planejamento da ação. Como não tinha achado nada em meu material sobre a China, comprei um velho almanaque, em um sebo na avenida Passos, sobre a mitologia de diversos países. O livro era antigo e tinha informações muito superficiais, mas talvez achasse referências sobre a figura misteriosa capturada em minha câmera.
Minha saúde não estava nada boa, sentia tanta dor de cabeça que tive que deitar debaixo de uma árvore no Campo de Santana, estava sonolento e com câimbras. Deitado ao relento, folheei o velho almanaque, de forma displicente, até que me deparei com a figura de um demônio chinês, de nome Zhong Kui. Ele tinha olhos amarelos e era descrito como um demônio suicida, comandante de uma legião de demônios e espíritos malignos. Essa foi uma grande descoberta, desconfiei que o chinês safado fez um pacto com aquele capeta. Se, além de pôr a mão naquele dinheiro, existisse a possibilidade de eu conseguir um contrato com o maligno, seria maravilhoso.
Já era noite quando abri os olhos, os portões do Campo de Santana estavam fechados. Consegui sair de lá com muito esforço, por um buraco na grade. Fui contemplado com mais alguns arranhões, provocados pela coroa-de-cristo que servia como cerca viva. Cheguei à rua da pastelaria, que ficava bem no centro da parte histórica da cidade. A área estava deserta; por coincidência, havia um despacho enorme na esquina da rua. A cena da rua deserta junto com o ebó criava um clima tenebroso. Pensei ter visto um vulto se esgueirando junto aos prédios velhos e abandonados. Eu não estava passando bem, sentia dores fortes no braço direito, onde estava o ferimento, e os calafrios indicavam que eu estava com febre. Decidi que invadiria a pastelaria no dia seguinte.
Acordei assustado, ouvi som de tiros bem perto de meu quarto. Levantei com dificuldade e, cautelosamente, me aproximei da janela. Notei alguma coisa pegajosa no chão, que não consegui identificar, o quarto estava em uma escuridão total. Olhei para o lado de fora, com o corpo colado na parede. Pelo canto do olho, um movimento atraiu minha atenção. Senti os pelos da nuca se arrepiarem, entre o som de um tiro e outro, virei o rosto na direção do movimento e, antes de conseguir fixar o olhar, um par de olhos amarelos já estavam a um palmo do meu olho roxo.
― O que você quer de mim? ― a criatura perguntou.
Ela falava em mandarim. Eu estava petrificado, o medo se espalhou por todo meu corpo, como ondas de calor. Juntei todas as minhas forças, para balbuciar:
― Poder.
― Venha ao meu encontro ― ela ordenou.
Acordei caído ao lado da cama. Levantei, sentindo pequenos espasmos nos músculos das pernas, havia urinado na calça. Eu precisava resolver essa questão o mais rápido possível, minha saúde estava perigosamente deteriorada, entretanto, o contato com aquela entidade podia ter sido a melhor coisa que poderia ter me acontecido.
Esperei em casa até a meia-noite e depois fui andando até o centro da cidade, não porque eu quisesse me exercitar, não queria era encontrar o filho da puta daquele motorista. A noite estava com o céu coberto de nuvens, era uma noite particularmente escura. Fui caminhando devagar, a dor no braço, por algum motivo que eu desconhecia, se espalhava pela perna direita. Cheguei ao meu destino às 1h45. Ao lado da pastelaria havia uma porta estreita, que dava acesso a um pequeno corredor onde depositávamos o lixo produzido na cozinha e os restos de comida dos clientes. Abri a pequena porta que dava para a rua e entrei no corredor, povoado de ratos. Procurei, no molho de chaves, a que abriria a porta da cozinha, e a introduzi com cuidado, pensando na fortuna que me aguardava. A chave não girou. Perplexo, fiquei olhando a fechadura, sem acreditar no que acontecia. Tentei outras chaves, na esperança de ter me enganado. Nada. O velho canalha devia ter trocado a fechadura! Pilantra maldito, como teria prazer em tirar a sua vida, da forma mais dolorosa possível. Mas eu não estava derrotado, decidi entrar pelo buraco do exaustor, que não tinha as hélices de ventilação, era apenas um buraco, com sua saída fechada por uma grade.
Arrastei, com dificuldade, um grande tambor de lixo que me permitia afrouxar os parafusos da grade. Retirei o primeiro parafuso, totalmente coberto de óleo de cozinha queimado. No segundo parafuso, o movimento de torção no pulso direito provocou uma dor tão forte, que perdi o equilíbrio e despenquei, indo de cara no chão sujo. Respirei fundo e voltei à tarefa algum tempo depois. Cansado e ofegante, retirei o último parafuso. Com muita dificuldade, consegui entrar no buraco e caí pesadamente em cima do fogão, totalmente lambuzado de óleo velho.
Recuperei o fôlego e caminhei em direção ao altar do deus. Tateando no escuro, encontrei o pequeno fecho que abria a porta estreita ao lado do altar. Passei, espremido, pelo pequeno espaço, o óleo que ensopava minha roupa e pele facilitou o trabalho. A pequena porta se fechou atrás de mim, com um pequeno ruído. Imerso num breu total, aos poucos, meus olhos começaram a se adaptar ao escuro, até que distingui a presença diabólica de Zhong Kui.
*
Os clientes começaram a reclamar do terrível fedor que se espalhava pela pastelaria. Então o senhor Jin Zu mandou que seus poucos empregados lavassem o salão e procurassem algum animal morto debaixo do balcão. Todos se entregaram à tarefa de limpar o lugar, até que o trabalho foi interrompido pelo aterrorizado grito da garçonete. Branca como papel, apontou em direção ao altar, antes de desabar no chão, desmaiada.
A polícia e o carro do IML vieram ao local, para retirar o que parecia ser um corpo totalmente contorcido e em avançado estado de decomposição. O senhor Jin Zu, atônito, perguntou ao perito, com seu português arrastado, por que o corpo estava todo retorcido e com expressão tão assustadora, ao que ele respondeu:
“Eu só vi isso uma vez na vida, ainda na faculdade, esse homem morreu de tétano.”
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